Guia para ter uma casa segura
Diante do crescimento da expectativa de vida da população brasileira, a acessibilidade e a segurança para idosos é cada vez mais valorizada na hora de escolher por um empreendimento imobiliário. É preciso pensar em soluções que resguardem o equilíbrio, que já não é o mesmo, e o andar mais vagaroso, diminuindo o risco de quedas ocasionadas por motivos corriqueiros, como escorregões e tropeções em tapetes e móveis. O Relatório Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Prevenção de Quedas na Velhice, de 2010, indica que mais de um terço das pessoas idosas sofrem pelo menos uma queda ao ano. "Existe crescente apreciação de que a natureza e a estrutura do ambiente físico podem influenciar significativamente a probabilidade de uma pessoa sofrer uma queda ou uma lesão a ela relacionada", diz o documento. As Diretrizes de Envelhecimento Ativo da OMS salientam a necessidade de assegurar que os ambientes sejam amigáveis, já que isso pode significar a diferença entre independência e dependência na terceira idade.

Idosos devem abusar de utensílios de segurança e evitar tapetes e móveis que atrapalhem o trânsito
Como os idosos passam muito tempo em suas residências, é preciso pensar no projeto da casa para lhes ajudar a realizar as tarefas do dia a dia. "O corredor entre o quarto de dormir e o banheiro torna-se o trajeto mais perigoso para uma pessoa idosa, pois ela se levanta no meio da noite para ir ao banheiro, às vezes rapidamente, perdendo o equilíbrio ou com baixa súbita de pressão. Se tiver uma barra para segurar, pode-se evitar a queda", explica a arquiteta e urbanista Liane Lautert Etcheverry, que presta consultoria em acessibilidade.
A profissional ressalta que, muitas vezes, as modificações necessárias podem implicar em algum tipo de resistência por parte do idoso, mas são de extrema importância para aumentar a segurança e a qualidade de vida nesta fase da vida. Confira, abaixo, algumas dicas sobre como adaptar a estrutura interna da casa e evitar acidentes, facilitar a realização de atividades corriqueiras e reduzir a necessidade de ajuda por parte dos idosos, oferecendo-lhes mais autonomia.
Dicas gerais
• Iluminação farta (30 % a mais de claridade);
• Podem ser usadas luzes com sensores de movimento para locais com pouca luminosidade;
• Pisos regulares e antiderrapantes (carpete, madeira sem cera, cerâmica antiderrapante, borracha);
• Escadas com corrimão dos dois lados;
• Móveis firmes, com bordas arredondadas;
• Não usar tampos de vidro;
• Cores claras e alegres, com uso de tons diferentes para portas e janelas;
• Portas com 80cm de largura;
• Tomadas e interruptores de fácil alcance;
• Maçanetas tipo alavanca;
• Lâmpadas de emergência e campainhas em todos ao ambientes;
• Barras de apoio nas circulações;
• Circulação livres de obstáculos;
• Evitar tapetes soltos ou usar borracha para travá-los;
• Evitar desníveis no piso.
Dormitórios
• Camas mais altas (pessoa sentada deve encostar o pé no chão);
• Mesas de cabeceiras 10cm mais altas que a cama, com abajur e telefone ao alcance;
• Armários com portas leves e fáceis de manusear, concentrar as roupas entre 50 e 160cm de altura;
• Interruptor de luz ao lado da cama para não levantar no escuro;
• Evite colchões muito macios, que podem dificultar o levantar e o deitar;
Banheiros
• Box com portas de correr ou de abrir para fora;
• Box com barras de apoio;
• Desnível entre box e piso não maior que 1,5cm;
• Assento fixo ou dobrável no box;
• Vaso mais alto (assento adaptável, altura média de 46cm);
• Barras de apoio na lateral do vaso;
• Não usar prateleiras de vidro, superfícies cortantes e com quinas vivas;
Salas
• Poltronas e sofás com altura em torno de 50cm e firmes;
• Evitar objetos de decoração de vidro;
Cozinhas
• Altura do balcão entre 80 e 90 cm de altura;
• Armários com área de utilização entre 50cm e 1,60m de altura, evitando que a pessoa tenha que se abaixar ou subir para alcançar os objetos.