terça-feira, outubro 07, 2008

Crise 'apaga' bons prospectos para economias emergentes, diz jornal americano

Crise 'apaga' bons prospectos para economias emergentes, diz jornal americano

Uma reportagem publicada nesta terça-feira no "Wall Street Journal" afirma que "os prospectos para os mercados emergentes estão se apagando" diante da crise mundial, que já se espalha por economias industrializadas e em desenvolvimento.

O artigo expressa uma leitura amplamente divulgada nos principais jornais europeus e americanos - a de que os países emergentes, até então considerados mais preparados para enfrentar um futuro de instabilidade, "não estão imunes à crise".

"Embora muitos mercados emergentes ainda tenham prospectos mais cor-de-rosa que os Estados Unidos ou a Europa, eles agora enfrentam um ambiente drasticamente diferente daquele de alguns meses atrás", escrevem os repórteres do "WSJ".

"Os preços das commodities, uma importante fonte de exportações das economias em desenvolvimento, tombaram. Ao mesmo tempo, os custos de empréstimos para as companhias aumentaram como parte da crise de crédito, dificultando seu acesso a capital", afirma.

O diário financeiro americano destaca a queda de 5,4% da Bolsa de Valores de São Paulo, em um dia em que as ações chegaram a cair 15% e o sistema de contenção de perdas foi acionado duas vezes. A queda de 19% da Bolsa de Moscou também foi destaque nas reportagens desta terça-feira.

Ao mesmo tempo, as moedas de países como o Brasil, a Turquia, a Coréia do Sul e o México, se desvalorizaram em relação ao dólar americano, à medida que investidores se desfaziam de ativos considerados de maior risco.

'Fundamentos'
Para o jornal britânico "Financial Times", a força com que a crise afetou os mercados em desenvolvimento "desfaz a idéia de que os maiores mercados emergentes de Brasil, Rússia, Índia e China - os Brics - estavam imunes à crise".

No entanto, diz o jornal, "as perdas recentes confundem os fundamentos em muitas destas economias, já que governos introduziram reformas cruciais" para fortalecê-las contra riscos econômicos.

Um investidor ouvido pelo jornal sintetizou o que seria esta "confusão":

"Que economia é mais forte, a do Brasil ou da Itália? Os fundamentos econômicos ainda são mais fortes nas economias emergentes", afirmou, segundo o "FT".

Desenvolvendo raciocínio na mesma linha, o "The New York Times" cita o caso do Brasil. Avalia que o país "fez mais que qualquer outro país na América Latina" para tentar garantir tranqüilidade diante de turbulências: acumulou reservas de US$ 200 bilhões e diversificou suas exportações para reduzir a dependência em relação à demanda nos Estados Unidos.

Passos semelhantes foram tomados por outros países emergentes - mas a "saúde relativa (dessas economias) inspira pouca fé nos mercados", lamenta o "NYT".

"Muitas das economias mais dinâmicas do mundo pensaram que estavam imunes dos problemas no mundo desenvolvido. Mas economistas afirmam que uma turbulência simultânea na Europa e nos Estados Unidos é demais para suportar."

 

sexta-feira, outubro 03, 2008

Bush sanciona projeto bilionário de resgate financeiro dos EUA

Bush sanciona projeto bilionário de resgate financeiro dos EUA
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da Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou nesta sexta-feira o plano de resgate de US$ 700 bilhões destinado a salvar as instituições financeiras americanas, logo após o projeto ser aprovado na Câmara dos Representantes (deputados).

Bush cumpriu assim a promessa que fez de assinar o projeto o mais rapidamente possível. Com o texto sancionado por ele, o projeto vira lei. Em discurso hoje, o presidente elogiou a aprovação do plano ao considerá-lo vital "para ajudar que a economia americana supere a tempestade financeira".

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Advertindo que levará algum tempo para que a medida tenha um efeito, Bush disse: "Quando o Congresso me enviar a versão final do projeto, eu o converterei em lei", em declarações feita nos jardins da Casa Branca, logo após a aprovação do projeto.

No pronunciamento, Bush afirmou que mesmo representando um alto custo para o contribuinte, o pacote de ajuda ao setor financeiro acabará por trazer um retorno positivo e será utilizado de maneira "extremamente responsável".

A Câmara aprovou nesta sexta-feira o plano de ajuda bilionária ao setor financeiro proposto pelo governo americano, endossando assim a decisão do Senado tomada na quarta-feira (1). A aprovação coloca na mão do secretário do Tesouro, Henry Paulson, US$ 700 bilhões para tentar reverter a crise que começou nos Estados Unidos e abala o mercado financeiro mundial.

O pacote recebeu 263 votos a favor (sendo 91 republicanos e 172 democratas) e 171 votos contra (108 republicanos e 63 democratas).

Aprovação

Os deputados mudaram de opinião --a proposta foi rejeitada na última segunda-feira por 228 votos contra e 205 a favor-- depois de acrescentados itens que "adoçaram" o remédio que parecia apenas destinado a salvar o setor financeiro. Entre os itens incluídos pelo Senado estão US$ 150 bilhões em isenções e benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais.

Shawn Thew/Efe
Presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que só colocaria pacote em votação se aprovação fosse certeza
Presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que só colocaria pacote em votação se aprovação fosse certeza

Paulson agora tem a anuência do Congresso para comprar um artigo conhecido por um nome pouco atraente: títulos "podres", ou papéis cujo resgate é muito improvável --conseqüentemente, cujo risco de calote é alto. A maioria destes ativos são ligados às hipotecas "subprime" (de alto risco), raiz da crise financeira que atinge os EUA.

Ainda que muito aguardado, o pacote aparentemente não bastou para convencer o mercado financeiro. Um dia depois do "sim" do Senado, a maior parte das Bolsas asiáticas fecharam em queda; as européias subiram ao longo do dia, mas fecharam em baixa.

Em Wall Street, a quinta-feira foi de forte retração. No Brasil, a Bovespa fechou ontem em baixa de mais de 7%. Hoje, o cenário também é de queda.

Ontem o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou documento no qual considera que o que começou como uma turbulência financeira há pouco mais de um ano, se tornou uma "crise intensa", que deve atingir duramente a economia dos EUA.

"[É] particularmente crucial que os poderes públicos adotem medidas enérgicas para favorecer o restabelecimento dos fundos próprios no sistema financeiro", diz o documento, que teve trechos divulgados ontem. "A reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão."

Ciclo

Arte Folha

O ciclo que se fechou hoje foi iniciado pelo próprio secretário do Tesouro no dia 19 do mês passado, ao dizer que seriam precisos "centenas de bilhões de dólares" para impedir que fosse adiante uma seqüência que, até então, incluía a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, a venda do Merrill Lynch a preço de ocasião (US$ 50 bilhões) ao Bank of America e ajudas bilionárias à seguradora AIG (US$ 85 bilhões) e às gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac (US$ 200 bilhões).

O pacote foi apresentado pelo governo, em sua primeira versão, no dia 20 de setembro: um documento vago, de três páginas, em que eram solicitados US$ 700 bilhões sem mencionar o compromisso de prestação de contas.

A idéia não agradou o Congresso, que então colocou em marcha um processo de negociação intenso, ao longo do qual ainda tombaram o Washington Mutual --no que analistas definiram como a maior falência de um banco nos Estados Unidos-- e o Wachovia, quarto maior banco do país, que nesta sexta-feira anunciou a fusão com o Wells Fargo, em uma operação de US$ 15,1 bilhões em troca de ações.

Na segunda-feira passada, dois terços dos republicanos e um terço dos democratas na Câmara rejeitaram a proposta inicial da Casa Branca. Após a rejeição, o Dow Jones, principal índice da Bolsa americana, registrou sua maior queda em pontos da história, e a Bolsa brasileira chegou a ter o pregão suspenso por cair mais de 10%.

Na versão final do Senado, o documento ganhou mais de 450 páginas. Naquela Casa, o texto recebeu 74 votos a favor e 25 contra. Entre os senadores que aprovaram o pacote estão os candidatos à Presidência dos EUA, Barack Obama e John McCain. Apenas o senador Edward Kennedy, que está sob tratamento de um câncer, não votou.

Apelos

Charles Dharapak/AP
Bush disse que o crédito está congelado e pediu para Câmara aprovar o pacote
Bush disse que o crédito está congelado e pediu para Câmara aprovar o pacote

Antes da primeira rejeição ao pacote, o presidente Bush foi à TV três vezes pedir urgência na aprovação da medida.

No dia 24, ele disse que a não-aprovação da ajuda mergulharia o país em "uma longa e dolorosa recessão"; no dia 26, que não havia desacordos sobre a necessidade de se fazer algo para evitar maiores danos à economia; e no dia 29, horas antes da primeira votação na Câmara, que a aprovação do pacote deveria ser difícil.

Já o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, foi ao Congresso tentar convencer os legisladores da necessidade do pacote.

Bernanke, que foi chefe dos conselheiros econômicos da Casa Branca e é especialista na Grande Depressão de 1929, pintou um cenário preocupante, principalmente em período de campanha para eleições legislativas: "Acredito que se os mercados de crédito não estiverem funcionando, empregos serão perdidos, nossa taxa de crédito vai aumentar, mais despejos vão ocorrer, o PIB [Produto Interno Bruto] vai contrair e a economia não vai conseguir se recuperar de um modo normal, saudável", disse.

Ontem, durante encontro com dirigentes de pequenas e médias empresas, Bush afirmou que o financiamento para os pequenos negócios está praticamente congelado e que era necessário que a Câmara aprovasse o pacote de resgate econômico.

"O crédito está congelado. As pessoas não estão conseguindo empréstimos de bancos e os bancos não estão emprestando para as médias e pequenas empresas. Isso significa que os empregos das pessoas estão em risco", disse.

com France Presse, em Washington

Parecer de procurador do TCU mantém restrições à publicidade

Documento será encaminhado ao relator Marcus Vilaça nos próximos dias

O TCU (Tribunal de Contas da União), que analisa desde maio de 2007 recurso da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) contra a decisão do ministro Ubiratan Aguiar, no acórdão 2.062/2006, que no seu parecer sobre a consolidação das auditorias de publicidade e propaganda condenou o modelo brasileiro de publicidade - especialmente contratos guarda-chuva e as BVs (Bonificação de Volume) -, vai retornar do gabinete do procurador-geral, Júlio Marcelo de Oliveira, para o ministro Marcos Vinícius Rodrigues Vilaça, nos próximos dias, como detalha fonte do propmark. O parecer referenda a decisão de Aguiar e sugere à Presidência da República que "abstenha-se de aplicar às licitações e aos contratos alusivos à área de publicidade e propaganda o decreto 4.563/2002, em razão da sua ilegalidade, e observe os ditames da lei 8.666/1993  (licitações) e os termos estritos da lei 4.680/1965 (publicidade) com vistas a fixar a remuneração devida às agências de propaganda". O decreto 4.563 foi  último do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso para substituir o decreto 2.262/1997 proposto pelo ministro Sérgio Amaral e que subtraiu as regras de remuneração das agências.

O processo permanece em aberto, porém membros do TCU têm conversado com lideranças publicitárias e reclamado de uma provável inércia do mercado (agências de publicidade, veículos de comunicação, fornecedores de serviços e anunciantes) na defesa da indústria no tribunal que fiscaliza as despesas governamentais. A Secom, que coordena orçamento de publicidade superior a R$ 1 bilhão, da administração direta (Presidência da República e ministérios) e indireta (estatais), é que tem sido proativa junto ao TCU para justificar os procedimentos que envolvem o relacionamento comercial com as agências, ainda segundo a fonte do propmark.

Há rituais no TCU que exigem atenção. Cada análise, como o acórdão 2.062, tem agenda seguida por ordem de entrada. A contra-argumentação da Secom contra o parecer do ministro Aguiar não estava anexada e protocolada ao processo. Nesse caso, o julgamento teria a subtração da defesa da Secom.

Caso o parecer do ministro Vilaça fique em linha com o do ministro Aguiar, o governo passaria a contratar agências de publicidade apenas para serviços de criação. A veiculação seria administrada pela Empresa Brasileira de Comunicação, antiga Radiobras, que cuida de toda a publicidade legal do governo, como uma central de mídia. Nesse caso, a medida contrariaria o modelo brasileiro de publicidade que não reconhece essas centrais conhecidas como bureaus de mídia.

Na verdade, o TCU, para vetar o parecer do ministro Aguiar e referendar a provável decisão favorável do ministro Vilaça,  que vai se aposentar em maio de 2009, precisa de instrumento legal que reconheça o modelo brasileiro de publicidade. O projeto de lei 3.305, do deputado José Eduardo Cardoso (PT/SP), que pede especificidade para as licitações de publicidade na lei 8.666, reconhece BVs e também o Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão), é a alternativa, mas como 2008 é ano de eleição e o projeto não está incluído na agenda de urgência da Câmara dos Deputados, não há data para ele ser votado. O Cenp também ainda não aprovou o Anexo C das normas-padrão que formaliza as BVs. A Frente Parlamentar da Comunicação, lançado no IV Congresso Brasileiro de Publicidade, que envolve 198 deputados federais e 38 senadores, sob a liderança de Milton Monti (PR/SP), ainda não teve ação efetiva como fora prometido.

"O mercado se movimenta, mas de forma lenta. A Secom está quase sozinha nessa luta. O mercado está sendo muito institucional quando deveria utilizar elementos mais políticos", comenta a fonte.

O TCU começou a olhar com mais atenção as despesas governamentais com publicidade após o escândalo do mensalão protagonizado pelo "empresário" Marcos Valério, na época controlador das agências SMP&B e DNA, ambas com base operacional em Belo Horizonte. Na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, que analisou esse imbróglio, foi detalhado esquemas ilícitos envolvendo a publidade. A Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), através do seu presidente Dalton Pastore, acompanhou todo o andamento da CPMI. Parecer da entidade foi anexado ao relatório final da CPMI.

Paulo Macedo

Veja parte do parecer:

Na ordem republicana e em um país ainda repleto de carências de toda ordem, não é admissível gastos tão elevados com publicidade que vise a enaltecer os supostos feitos do governo, resultando, ainda que indiretamente, em promoção pessoal dos governantes. Não é razoável que o cidadão brasileiro pague pesados impostos para que o governo os gaste falando bem de si mesmo, em vez de devolver ao cidadão serviços públicos de qualidade, lamentavelmente tão raros. Cuidam os autos de extenso trabalho de consolidação dos principais achados das auditorias realizadas por este Tribunal, no segundo semestre de 2005, em órgãos e entidades da Administração Pública na área de publicidade e propaganda.
Neste parecer, examina-se o pedido de reexame, interposto pela Secretaria-Geral da Presidência da República – SG/PR (fls. 1/24 e 26/94, anexo 3), contra o Acórdão 2.062/2006 – Plenário, adotado por esta eg. Corte de Contas após profundo estudo e cuidadoso debate das questões versadas..
Trata-se de matéria de suma relevância, razão por que, excepcionalmente e tendo em conta ainda a extensão da peça recursal, alongamo-nos mais do que o de costume, a fim de que a questão, com suas múltiplas facetas, pudesse ser exposta e discutida em profundidade, com o exame de todos os argumentos postos pelo órgão recorrente e pelas unidades técnicas que atuaram nos autos.

Por meio do Acórdão 2.062/2006-Plenário, o eg. Tribunal deliberou no sentido de:"9.1. determinar à Secretaria-Geral da Presidência da República que:
9.1.1. abstenha-se de aplicar às licitações e aos contratos alusivos à área de publicidade e propaganda o Decreto 4.563/2002, em razão de sua ilegalidade, e observe os ditames da Lei 8.666/1993 e os estritos termos da Lei 4.680/1965 com vistas a fixar a remuneração devida às agências de propaganda, orientando os órgãos e as entidades integrantes do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal - Sicom no mesmo sentido;
9.1.2. cumpra o disposto no artigo 8º, §§ 1º e 2º, da IN/SG/PR 2/2006, exigindo dos integrantes do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal - Sicom o encaminhamento à Secom/SG-PR, juntamente com a proposta de ação, das informações sobre os custos de produção dos serviços de publicidade para comporem banco de dados, o qual deve efetivamente ser utilizado como referência de preço desses serviços;
9.1.3. normatize os editais de licitação e os contratos na área de publicidade e propaganda, bem como oriente sua execução, de modo a assegurar que:
9.1.3.1. o objeto da contratação seja claramente definido, a partir de projeto básico, formulado em consonância com o Plano Anual de Comunicação (PAC), sob responsabilidade dos integrantes do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal - Sicom, e com a Lei 8.666/1993, especificando todas as ações publicitárias a serem executadas no âmbito do contrato;
9.1.3.2. o objeto delimite, com precisão, os serviços e produtos a serem adquiridos e não inclua itens indeterminados, a exemplo de: 'outras ações destinadas a subsidiar ou orientar os esforços publicitários' e 'demais serviços destinados ao atendimento das necessidades de comunicação do contratante';
9.1.3.3. o processo seja instruído com orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição dos seus custos unitários, conforme previsto nos incisos I e II do § 2º do artigo 7º da Lei 8.666/1993;
9.1.3.4. a contratação de serviços de publicidade e propaganda seja realizada sob os regimes permitidos pela legislação que rege a matéria, vedada a utilização de regime de administração contratada, por falta de amparo legal e por contrariar reiteradas deliberações deste Tribunal, a exemplo dos Acórdãos 387/2001, 445/2003 e 898/2004, todos da 2ª Câmara;
9.1.3.5. os procedimentos licitatórios resultem na adjudicação de cada item ou conta publicitária a um único licitante;
9.1.3.6. sejam implantados mecanismos efetivos de controle, no âmbito da Administração Pública Federal, em cumprimento ao que dispõem o artigo 63 da Lei 4.320/1964 e o artigo 55, § 3º, da Lei 8.666/1993, para comprovar a execução dos serviços, inclusive com:
9.1.3.6.1. controle das inserções de veiculações;
9.1.3.6.2. exigência de comprovação da execução de serviços subcontratados;
9.1.3.6.3. verificação da validade das três propostas apresentadas como condição para subcontratação de serviços;
9.1.3.6.4. verificação da adequação dos preços subcontratados em relação aos de mercado;
9.1.3.6.5. cumprimento de cláusulas contratuais relativas aos percentuais devidos à agência e às condições da subcontratação;
9.1.3.7. as minutas de contratos contenham cláusulas que:
9.1.3.7.1. exijam das agências de publicidade contratadas a realização de negociações com veículos de comunicação e com fornecedores, com vistas à obtenção de descontos e bônus em função do volume de recursos despendido, prevendo a obrigatoriedade de participação de representante da Administração Pública nessas negociações;
9.1.3.7.2. vedem a subcontratação de serviços afetos à criação/concepção das ações de publicidade;
9.1.4. estude a possibilidade de contratar serviços de auditoria independente, com vistas a aferir a efetiva execução quantitativa dos serviços subcontratados, como, por exemplo, o número de veiculações, de tiragens, etc, ou crie mecanismos efetivos de prestação de contas da execução desses serviços;
9.1.5. assegure que os integrantes do Sicom realizem licitações independentes, sem a intermediação das agências de propaganda, para a contratação dos seguintes serviços:
9.1.5.1. assessoramento e apoio na execução de ações de assessoria de imprensa, relações públicas, promoção e patrocínios;
9.1.5.2. organização de eventos;
9.1.5.3. planejamento e montagem de estandes em feiras e exposições; e
9.1.5.4. outros serviços destinados ao atendimento das necessidades de comunicação do contratante;
9.1.6. faça a adequação do conceito de publicidade institucional constante do inciso III do artigo 1º da IN/SG/PR 2/2006 ao previsto no artigo 1º do Decreto 4.799/2003, com exclusão de ação de promoção de posicionamento ou reforço de conceito e/ou identidade de unidades do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal - Sicom;
9.1.7. faça a adequação da classificação de patrocínio constante da IN/SG/PR 2/2006 ao disposto no Decreto 4.799/2003, o qual, em seu artigo 2º, inciso III, alínea "b", classifica o patrocínio no âmbito das ações de promoção, e não como publicidade mercadológica, institucional ou de utilidade pública;
9.1.8. exclua a intermediação das agências de propaganda nos repasses alusivos a ações de patrocínio, os quais devem ser realizados, diretamente aos beneficiários, pelos órgãos e pelas entidades concedentes, podendo aquelas agências ser contratadas apenas como consultorias especializadas, sendo remuneradas tão-somente pelas horas de consultoria efetivamente prestadas;
9.1.9. oriente os integrantes do Sicom para que se abstenham de implementar ações de publicidade que não estejam estritamente vinculadas aos fins educativo, informativo ou de orientação social, em conformidade com o disposto no artigo 37, § 1º, da Constituição Federal, sendo vedada a publicidade que, direta ou indiretamente, caracterize promoção pessoal de autoridade, de servidor público ou da imagem do governo federal;
9.2. dar ciência à Presidência da República de que esta Corte considerou ilegal o Decreto 4.563/2002, recomendando-se a sua revogação;
9.3. alertar a Secretaria-Geral da Presidência da República de que os atos doravante praticados com base no Decreto 4.563/2002 serão considerados como irregulares por esta Corte e implicarão a responsabilização pessoal dos agentes que lhes derem causa.
9.4. dar ciência ao Congresso Nacional das conclusões desta Corte de Contas no sentido da ilegalidade do Decreto 4.563/2002, para que, se assim também entender, suste-o, nos termos do artigo 49, inciso V, da Constituição Federal;

 

quinta-feira, outubro 02, 2008

Dólar dispara e se aproxima de R$ 2 após aprovação de pacote dos EUA; Bolsa despenca

02/10/2008 - 12h20

Dólar dispara e se aproxima de R$ 2 após aprovação de pacote dos EUA; Bolsa despenca

Da Redação
Em São Paulo
Texto atualizado às 12h58

O dólar comercial opera em forte alta nesta quinta-feira e chegou a superar a marca de R$ 2. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), ao contrário, vai despencando.

Às 12h55, o dólar era vendido por R$ 1,995, uma alta de 3,64% em relação ao início do dia. (veja quadro com a cotação do dólar atualizada).


No mesmo horário, o Ibovespa, principal indicador das ações brasileiras, caía 4,75%, a 47.431,54 pontos (acompanhe gráfico da Bovespa com atualização constante).

O avanço da moeda americana e a queda da Bolsa refletem o pessimismo no mercado financeiro, mesmo após a aprovação do pacote de socorro financeiro dos Estados Unidos.

O dólar tende a subir em momentos de incerteza no setor financeiro. Os investidores vendem seus papéis mais arriscados (ações, por exemplo), trocando-os por dólares, com o objetivo de comprar títulos mais seguros, como os emitidos pelo Tesouro dos EUA. Isso aumenta a procura pela moeda americana, elevando o seu preço.


As preocupações dos investidores nesta quinta-feira são quanto à possibilidade de o governo dos EUA conseguir socorrer o setor financeiro. O texto do pacote anticrise ainda terá que passar pela Câmara, que na segunda-feira havia rejeitado uma primeira versão. Analistas também não estão certos sobre até que ponto o plano será capaz de amenizar a crise.

"Na Câmara é mais difícil (aprovar o pacote) e seguem as incertezas sobre isso. Ontem, o mercado já tinha meio que certeza de que o Senado aprovaria, mas agora restam outras dúvidas. Também resta saber se isso vai resolver o problema da economia", disse um consultor de investimentos de uma corretora que preferiu não ser identificado.

O pessimismo aumentou depois da divulgação de uma pesquisa mostrando que as encomendas à indústria americana em agosto recuaram 4%.

As Bolsas da Ásia também caíram após a aprovação do pacote financeiro americano. A de Tóquio perdeu 1,9%.

Na Europa, os principais mercados subiram no início dos negócios, mas depois passaram a operar em baixa. O Banco Central Europeu decidiu manter em 4,25% ao ano sua taxa básica de juros e afirmou que é preciso coordenar ações de bancos para combater a crise.

A Holanda propôs um fundo de ajuda a bancos europeus afetados pela crise.

A disparada do dólar nesse período de turbulência tem sido especulativa, não encontrando fundamento nos números relativos ao fluxo cambial, segundo análise de Luiz Sérgio Guimarães, do jornal "Valor Econômico".

quarta-feira, outubro 01, 2008

Bolsa salta 7,63%, mas perde 11% no mês; dólar sobe 16,8% em 30 dias

30/09/2008 - 17h36

Bolsa salta 7,63%, mas perde 11% no mês; dólar sobe 16,8% em 30 dias

Da Redação
Em São Paulo

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuperou-se parcialmente do tombo da véspera e deu um salto nesta terça-feira, fechando com ganho de 7,63%, aos 49.541,27. No dia anterior, a Bolsa havia perdido 9,36%. Em setembro, o prejuízo da Bovespa foi de 11,03%.

O dólar comercial fechou em forte queda de 2,95%, vendido a R$ 1,906, mas ainda assim acumulou uma alta de 16,8% em setembro, maior valorização mensal em seis anos.

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Números fortes de confiança do consumidor nos Estados Unidos surpreenderam os investidores e reacenderam esperanças sobre o plano de ajuda do governo ao setor financeiro. As principais Bolsas da Europa fecharam em alta.

A Bovespa tem sido muito inconstante, com quedas e altas expressivas (veja gráfico abaixo).


A melhora nos mercados refletiu a expectativa dos investidores quanto à aprovação do pacote de socorro ao setor financeiro nos Estados Unidos.

O otimismo com a possibilidade de ajuda aos bancos voltou devido ao avanço das negociações entre parlamentares americanos. O presidente da Comissão de Assuntos Bancários do Senado afirmou estar "esperançoso" com o compromisso dos políticos em relação ao plano.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou nesta terça-feira em discurso na televisão que a economia de seu país passa por um momento crítico e que é necessário agir com urgência para contornar a crise.

Bush reafirmou que o plano envolve uma quantia significativa de dinheiro porque os problemas financeiros são significativos. Para reforçar o argumento, ele disse que as perdas na Bolsa devido ao impasse somaram cerca de US$ 1 trilhão, mais do que os US$ 700 bilhões que seriam usados pelo governo para salvar o mercado.

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A Europa criticou a decisão dos parlamentares americanos por meio da Comissão Européia e do seu comissário para o comércio, Peter Mandelson.

As Bolsas da Ásia repercutiram os problemas dos EUA e fecharam em forte queda. Na Europa, os mercados abriram em baixa, mas depois reduziram suas perdas, tendo ficado positivo em alguns momentos.

Duas medidas contribuíram para acalmar os investidores na Europa. O Banco Central Europeu injetou a quantia de 190 bilhões de euros em leilão semanal no setor financeiro. E os governos de França, Bélgica e Luxemburgo anunciaram um resgate de 6,4 bilhões de euros ao banco Dexia.

Ainda, a inflação na zona do euro recuou pelo segundo mês consecutivo. Por outro lado, a economia britânica ficou estagnada no segundo trimestre, segundo levantamento divulgado nesta terça.

(Com informações de AFP, Efe e Reuters)

 

Investment grade dá ao Brasil mais chance de superar crise, diz Fitch

30/09/2008 - 16h03

Investment grade dá ao Brasil mais chance de superar crise, diz Fitch

SÃO PAULO - A crise no mercado mundial certamente terá seu efeito sobre o Brasil. A diferença é que, desta vez, o impacto será muito menor do que foi em crises passadas, disse hoje em São Paulo a diretora de Rating Soberano da agência de risco internacional Fitch Ratings, Shelly Shetty.

Para ela, o Brasil não se tornou grau de investimento em sua agência por acaso e, embora essa classificação não signifique imunidade a crises, nesse patamar se reconhece que os países têm mais chances de dar a volta por cima do que em outros níveis de risco.

Segundo ela, apesar da crise atual, o ano tem sido relativamente bom para o Brasil. "Começamos o ano achando que a economia brasileira estava bem, mas que faltava alguma coisa (para o grau de investimento). Mas mudamos nossa opinião em junho, e concedemos o grau ao país, muito em função de seus fortes fundamentos macroeconômicos", afirmou a executiva.

"Acreditamos, ainda, que o grau de investimento não é o objetivo do país, mas o primeiro passo para atingir níveis de rating ainda melhores", completou.

Na avaliação de Shetty, a tendência vista na economia do país, de comprometimento com metas macroeconômicas e controle da dívida e da inflação, deve se manter constante. "Isso é importante porque torna o país mais resistente a crises", explica a executiva.

Outro fator que, no momento atual de crise, beneficia o Brasil e o torna menos vulnerável ao contágio, afirma Shetty, é o menor nível de dependência da economia local em relação às exportações.

Isso, aliado ao grande mercado consumidor interno, explica a executiva, deixa menos espaço para que a crise afete o mercado nacional de forma mais contundente, embora ela acredite que o país deverá enfrentar dificuldades tanto por conta da queda nas exportações como por conta da redução no consumo nacional, em decorrência da crise.

A influência mais direta, porém, virá da relação econômica direta que o Brasil tem com os EUA. "O portfólio dos EUA no Brasil, tanto em investimentos como em aplicações diretas, tem sido muito forte recentemente", diz Shetty.

No campo do crédito, ainda que acredite que haverá uma redução na oferta de recursos para o país, a executiva afirma que a situação atual é favorável. "Uma das formas pelas quais o contágio afetará os emergentes será pela diminuição do crédito. A boa notícia para o Brasil é que ele tem um sistema bancário bem diversificado e com volume suficiente para contrapor melhor o problema", explica.

Ela reconhece, portanto, que projeta menores taxas de crescimento para a economia brasileira nos próximos trimestres, o que se refletirá na demanda interna e, de uma certa forma, em toda a atividade econômica do país. "Mas o Brasil hoje não é o Brasil de 2002 ou de 2003", ressalta.

Shetty conclui afirmando que o Brasil tanto tem condição de ver elevado seu rating em dois anos, como de vê-lo ser rebaixado. Segundo ela, tudo depende do dinamismo da economia local e do que será feito no sentido de obter uma nota mais alta. "Com o grau de investimento, o Brasil entrou num nível de competição mais elevado e para conseguir melhorar sua nota é cada vez mais difícil", afirmou.

Para ela, há dois desafios principais que o país deve superar em busca de uma nova elevação em seu rating: acelerar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, que segundo ela é muito baixa; e melhorar o nível de endividamento interno do governo. No primeiro caso, ela identifica como sendo a raiz do problema o baixo nível de investimento no país.

Ela cita ainda como entraves à competitividade brasileira a dificuldade de se abrir empresas, a alta carga tributária, a falta de investimentos em infra-estrutura e relacionadas à legislação trabalhista.

Segundo Shetty, o Brasil poderia perder seu grau de investimento num horizonte de dois anos caso descuide do gerenciamento político da economia, se não realizar reformas necessárias, levando o país de volta a um cenário de crescimento baixo e juros altos.

(José Sergio Osse I Valor Online)