A AFIRMAÇÃO É DE GREG SCILEPPI, PRESIDENTE DAS OPERAÇÕES INTERNACIONAIS DA CONSULTORIA ROBERT HALF
GREG SCILEPPI, PRESIDENTE DA ROBERT HALF (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Medo de perder o emprego? Se você é executivo, pode ficar tranquilo. Há uma verdadeira batalha entre as empresas ara contratar talentos. Pelo menos é o que diz Greg Scileppi, ele próprio um executivo, especializado em aproximar as empresas desses profissionais disputados. Esse americano de 50 anos de idade – metade deles dedicados ao headhunting - é presidente das operações internacionais da consultoria Robert Half, uma das maiores empresas do mundo em recrutamento executivo. Scileppi gerencia todas as operações do grupo fora dos EUA, ou seja, em um universo formado por 20 países e alguns milhares de empresas ansiosas por novos soldados na disputa corporativa.
O próprio Scileppi é um exemplo de como as portas podem se abrir para os executivos. Começou a carreira como desenvolvedor de softwares, mas logo percebeu que gostava muito mais de gente do que de computadores. Procurou a Robert Half para arrumar um novo emprego e acabou ele próprio sendo recrutado como recrutador, em 1988. A paixão mútua foi duradoura. Subiu de cargo durante duas décadas, período no qual a empresa passou de uma operação de US$ 70 milhões para US$ 4 bilhões. De passagem pelo Brasil, onde a consultoria possui um escritório há cinco anos, Scileppi fala sobre crise financeira, mercado de trabalho para executivos e os efeitos da tecnologia sobre o processo de contratação.
Como está a demanda por executivos no Brasil?
Esse mercado passa por um momento de aquecimento no Brasil. O interessante no Brasil é que o índice de desemprego geral de 8% não se reflete na área executiva, que exibe um indicador bem menor, algo entre 1% e 2%. Como o número de profissionais qualificado não é tão grande, há aqui uma verdadeira guerra pelo talento. É por isso que nossa operação brasileira é uma das que mais crescem em todo o mundo.
A crise financeira mudou as características que as empresas procuram em seus executivos?
Muitas coisas mudam: quais setores contratam ou deixam de contratar, por exemplo. Isso normalmente é definido pela situação econômica momentânea. Mas eu já acompanhei nove diferentes crises ao longo da minha carreira. E o que nunca muda é a necessidade de talento. Em um momento positivo, esse talento vai ajudar sua organização a crescer mais que as demais; em momentos de queda, vai criar mais eficiência, margem maior, e assim ajudar sua organização a sobreviver ao panorama desafiador.
Quais são os fatores mais importantes na hora de escolher um candidato?
É necessário encontrar um equilíbrio entre a capacidade técnica e os fatores comportamentais... O lado técnico é extremamente importante como uma base, mas saber se encaixar na cultura da organização também. Há uma diferença entre ser capaz de fazer o serviço e deixar o serviço pronto. Quem tem o lado técnico tem maior chance de ser chamado para uma vaga, quem se adapta ao ambiente da empresa tem mais chance de ficar por lá um longo tempo. Isso é fundamental para o objetivo que empresa e empregado deveriam ter: criar uma relação de longo prazo.
O tempo médio que as pessoas passam no mesmo emprego tem diminuído?
Há uma série de fatores em jogo aí. A explosão da tecnologia tem aberto espaço para uma mobilidade maior, com novas oportunidades. Mas as pessoas que se sentem identificadas com a cultura da empresa e que percebem oportunidades de crescimento continuam mostrando muita estabilidade no emprego, da mesma forma que acontece há décadas. Quando essas oportunidades não existem, aí sim a tendência é de uma mudança mais constante. É por isso que as maiores companhias do mundo têm um turnover tão baixo... Elas continuam a inovar e a criar soluções que facilitem o progresso das pessoas dentro das instituições.
Como promover essas oportunidades no ambiente de trabalho?
Priorizando as contratações internas para sustentar o crescimento orgânico e abrindo diversas rotas de crescimento na carreira. Isso pode significar fazer o mesmo serviço em uma cidade diferente, ou uma promoção, ou um serviço diferente no mesmo local. Eu mesmo sou uma prova viva desse processo: em 24 anos de Robert Half passei de recrutador a presidente.
O que pesa mais na escolha de um novo emprego: salário ou oportunidade de crescimento?
Eu acredito firmemente que as pessoas trocam de emprego atrás de oportunidades melhores. Um salário melhor acaba sendo um resultado natural desse processo, mas não a sua força propulsora. O desafio, a chance de crescer, o interesse de ser parte de algo maior, tudo isso é fundamental para as pessoas. Elas olham para novos estímulos, novas formas de trabalhar, uma nova motivação.
De que forma as novas tecnologias influenciam no processo de recrutamento?
Nós estamos experimentando bastante dentro da empresa para descobrirmos o que realmente funciona. O truque é inovar sem perder a relação pessoal. Então estamos praticando o uso de videoconferências via tablet, por exemplo. Isso nos permite ver nossos candidatos com muito mais frequência, já que reduz a necessidade de deslocamentos. Imagine o quanto isso economiza e tempo em uma cidade como São Paulo, onde é normal perder duas horas preso no trânsito.
A mesma coisa vale para nossos clientes, as empresas. Temos um processo diferente das outras firmas. Quando eles veem ao nosso escritório, ficam por aqui o dia inteiro e aproveitam para conhecer um grande número de candidatos para a mesma posição. Isso permite que eles usem aquele período de tempo para se concentrarem no processo de seleção e tenham a chance de julgar os candidatos de uma vez, ao invés do método tradicional: entrevistar um; esperar alguns dias, entrevistar outro e, no final, comparar notas. É um processo que economiza tempo e gera melhores resultados.
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