quarta-feira, março 03, 2010

Credibilidade do Ibope volta a ser questionada

Credibilidade do Ibope volta a ser questionada

03/03/10

As especulações em torno da suposta falta de credibilidade e idoneidade do Ibope voltaram à tona. Após polêmica com relação às panes que prejudicaram a briga pela audiência da TV no fim de 2009, o Instituto é notícia novamente sob suspeita de atuar fora dos padrões de medição. A informação ganhou destaque no começo desta semana após matéria realizada pela coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo.
O texto, assinado por Andrea Michael, repercute auditoria feita pela Ernest & Young. A pesquisa na medição de TV aponta falha dos controles remotos dos equipamentos de aferição de público estavam fora dos padrões de referência.  Segundo o estudo, isso acontece em 18,75% dos 80 domicílios que são registrados. Vale lembrar que o Ibope tem exclusividade na medição de audiência na TV.
De acordo com a Folha, na auditoria de 2009, a que a coluna teve acesso, técnicos apontaram que havia controles com baterias fracas, com falta de nome de integrante do lar no aparelho ou com nome de quem já não morava mais lá, além de falta de filme protetor.  No relatório de 2008, em 12,50% dos domicílios auditados os controles também estavam fora dos padrões. A auditoria abrange São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Procurado, o Ibope não respondeu se as indicações feitas pelos auditores poderiam influenciar a medição da audiência.
A divulgação dos dados acendeu sinal de alerta e o deputado Milton Flávio (PSDB) convidou o presidente do Ibope, Carlos Montenegro, a depor. O requerimento deverá passar por aprovação da comissão e, Flávio já avisa que pretende propor a abertura de uma CPI caso as respostas de Montenegro não elucidem o caso. Em depoimento à Folha, o deputado explicou a convocação de Montenegro: “gostaria de entender como, no apagão [em novembro do ano passado], teve audiência para a Globo”.

A reportagem procurou o Ibope, que afirmou se pronunciar em breve.
Relembre
Nos dias 10, 15 e 22 de novembro, o Ibope apresentou falhas que geraram questionamentos sobre a credibilidade do Instituto. Durante o horário nobre, em uma das ocasiões, a medição deixou de funcionar o que levou a Rede Record a especular um favorecimento à Rede Globo.
A medição começou a apresentar problemas às 20h15, do dia 22, quando os resultados eram apresentados com 8 minutos de atraso. Por volta das 21h, o atraso era de 20 minutos. Mas, às 22h o Ibope caiu totalmente. A pane foi atribuída ao serviço de transmissão de dados dos domicílios da amostra para o Instituto, fato desmentido pelas operadoras à época, o que aumentou a especulação e desconfiança sobre o caso.
A rede Record questionou a validade e a imparcialidade do Ibope em uma matéria veiculada no programa "Domingo Espetacular" de 29 de novembro. Na ocasião, o Instituto informou que respeita a manifestação do cliente, apesar de não concordar com as críticas.
Já a Globo afirmou que trabalha com números consolidados de audiência, que ficam disponíveis no dia seguinte, após a conferência final realizada pelo Instituto "Portanto, não fomos diretamente prejudicados com a interrupção do serviço", informou a nota. Em nota, na mesma semana de novembro, a emissora comentou a exclusividade do Ibope no segmento de medição de audiência televisiva. Disse "desconhecer uma alternativa disponível no mercado brasileiro que seja equiparada ao serviço oferecido pelo Instituto".

Na época, a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) e o Grupo de Mídia São Paulo saíram em defesa do Instituto, através de nota publicadas no site: "[O Ibope] tem o objetivo de servir ao mercado publicitário como um todo, não se atendo aos interesses específicos de uma empresa ou grupo em particular, seja do setor de anunciantes, seja do setor de agências, seja do setor de veículos".
Em fevereiro desse ano, o Ibope voltou a apresentar problemas durante uma das chuvas que atingiu a cidade de São Paulo, por vários minutos, o sistema interrompeu a divulgação dos índices às emissoras, sobretudo no horário nobre. O reflexo também foi sentido na audiência dos canais. O percentual de TVs ligadas no horário nobre despencou de 65% para 56%. Além disso, o Instituto, em vários momentos, trabalhou com o número mínimo de domicílios medidos, 450, quando a amostra na região metropolitana de São Paulo é de 750.

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